O Navio de Cristal:
Lisboa como Cidade Lazariana depois de O Impossível
DOI:
https://doi.org/10.34619/kpow-uzwxPalavras-chave:
imagem-cristal, Lisboa, O Impossível, montagem, imagem dialécticaResumo
Para uma cidade historicamente marcada por um tsunami, o filme “Lo Imposssible" (J.A. Bayona, 2012) reivindica a sua imagem-cristal. É logo com o bater da grande onda do sismo de 2004 que se reactiva o trauma do terramoto que devastou Lisboa em 1755. Cidade lazarenta, assombrará agora entre o atual e o virtual, entre a sobrevivência e a perda. São os destroços — também os da memória — que nos condenam à deriva na imagem-cristal nesta cidade portuária, a nós habitantes, feitos passageiros daquilo a que Deleuze chamou de “o navio dos mortos”.
A mão desenhou — a onda, o mapa, e os interiores alagados a lembrar a estranheza fantasmática de “Une semaine de bonté” de Max Ernst. E a impressora imprimiu —são as imagens-cristal de O Impossível, quando na sala de operações a sobrevivente Maria se afunda na memória do naufrágio do seu corpo morto-vivo.
O desenho e a reimpressão são os métodos que sustentam plasticamente este ensaio visual, a par do princípio da montagem, que situa a imagem-cristal na sua afinidade com o anacronismo da “imagem dialética” benjaminiana. O Jetztzeit é aqui a experiência de flutuar indefinidamente entre um desastre acontecido e a sua possibilidade futura.
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