Somos sempre a vida póstuma dos outros: mapa para uma pró-memória

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.34619/blta-jx41

Mots-clés :

pró-memória, campo cego, projeção, ficção, arquivo

Résumé

Este número propõe o conceito de “pró-memória” como uma variação da “pós-memória”, deslocando o foco da relação com o passado para o impacto da projeção – de si, do espaço e do presente – na constituição da memória. Em vez de recuperar vivências indiretas, a pró-memória descreve o movimento de procurar lidar com as lacunas, os silêncios e as ausências do arquivo e da memória, abrindo espaço para narrativas antes invisibilizadas. A ideia de “sobre-memória”, entendida como acrescento ou excesso, colabora com essa noção e reforça o modo como memórias alheias interferem na construção da nossa própria memória. Ao inaugurar o conceito de pró-memória, e ao explorar as ferramentas que este convoca, este dossier propõe um debate crítico sobre novas formas de narrar, lembrar e reinscrever o passado no presente, acreditando que desse esforço possam emergir metodologias e práticas inovadoras para investigar e trabalhar com a memória e o arquivo e os seus campos cegos.

Bibliographies de l'auteur

Catarina Laranjeiro, Instituto de História Contemporânea. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa

Catarina Laranjeiro é investigadora no Instituto de História Contemporânea da NOVA FCSH, onde coordena o projeto FILMASPORA – Filmes Populares na Diáspora: para uma nova cine-geografia da área metropolitana de Lisboa e desenvolve o projeto African Modes of Self-Filming, sobre cinema vernacular na Guiné-Bissau, em Cabo Verde e nas suas diásporas. A sua investigação e prática artística cruzam antropologia, cinema e artes visuais, com enfoque em cinema popular, memória política e descolonização do olhar.

Inês Sapeta Dias, Instituto de História Contemporânea. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa

Inês Sapeta Dias tem trabalhado entre a investigação, a realização e a programação de cinema. É doutorada em Ciências da Comunicação com uma tese sobre a história da programação do cinema. Recentemente foi responsável pelo lançamento de projectos como “Traça – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares”, “Topografias Imaginárias” ou “O que é o Arquivo?”, no Arquivo Municipal de Lisboa. Actualmente integra a equipa de programação da Cinemateca Portuguesa. Entre os livros mais recentes que editou estão O que é o Arquivo? e Eu nem sabia que Marvila existia e Um mapa de Lisboa no Cinema. Em 2008 finalizou o filme Retrato de Inverno de uma paisagem ardida com o apoio do ICA/RTP. Actualmente está a co-realizar a série Atlas de um cinema amador e a finalizar o filme The house is the ruin of a house. Desde 2019 é responsável pela oficina de cinema documental do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual.

Publiée

2025-07-11

Comment citer

Laranjeiro, C., & Sapeta Dias, I. (2025). Somos sempre a vida póstuma dos outros: mapa para uma pró-memória. Revista De Comunicação E Linguagens, (62), 7–23. https://doi.org/10.34619/blta-jx41