O genocídio como tempo suspenso: Deleuze e o devir da imagem-tempo em Rendez-vous avec Pol Pot
Deleuze y el Devenir de la Imagen-Tiempo en Rendez-vous avec Pol Pot
DOI:
https://doi.org/10.34619/fzct-8tvjResumo
Este artigo analisa a representação do genocídio cambojano em Rendez-vous avec Pol Pot (2024), de Rithy Panh, através do prisma da teoria cinematográfica de Gilles Deleuze. Partindo do conceito de imagem-tempo, examina-se como Panh desestrutura a narrativa convencional para gerar um tempo suspenso que confronta o espectador com a memória do horror. O filme transita entre a imagem-movimento e a imagem-tempo, integrando imagens de arquivo e figuras de barro como estratégias para representar o trauma. Assim, argumenta-se que Rendez-vous avec Pol Pot não apenas exemplifica a consolidação da imagem-tempo, mas também sua transformação em imagem-morte como forma de confrontar o irrepresentável. Além disso, explora-se a figura do “sujeito lazariano”, caracterizado pelo seu trânsito entre a vida e a morte, e pelo seu papel na construção de um discurso fílmico que suspende o tempo cronológico. Através de uma abordagem intermidiática que combina ficção e não ficção, Panh reconfigura a representação do genocídio por meio de uma poética da ausência. Esta análise demonstra como o cinema de Panh se insere numa tradição de representação cinematográfica do trauma e redefine os limites entre a imagem, a memória e a história.
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