Fantasmas à deriva: travessias da escravidão rumo ao Brasil contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.34619/x53e-tp73Palabras clave:
travessias, fantasma, escravidão, imagem, BrasilResumen
Neste ensaio sobre a imagem, pretendo articular determinada noção de fantasma com certa concepção sobre a imagem para pensar sobre retornos ou ressurgências, no Brasil contemporâneo, de ideias e práticas remanescentes dos tempos em que o tráfico negreiro esteve ativo no país e no mundo. Mais especificamente, analisarei imagens e discursos que apontem para permanências e abriguem vestígios da escravidão no Brasil atual. Para tal, parto da gravura Navio Negreiro, de Johann Moritz Rugendas (1803-1858), possivelmente uma das representações mais difundidas das embarcações que cruzaram o Atlântico, entre os séculos XVI e XIX, levando africanos para serem escravizados nas Américas. O objetivo é observar como fantasmas da escravidão assombram a sociedade brasileira a partir da análise desta e de outras imagens, de formações discursivas e letras de canções da música popular brasileira. Para Trouillot (1995), a escravidão é a um só tempo passado e presença viva. Um passado que retorna ao presente não como cópia, mas como repetição e diferença. Fantasmas, por sua vez, podem ser entendidos como as assombrações que nos lembram que o que parece ter sido pacificado, resolvido, aquilo que parece encerrado em outro tempo, está vivo e seus retornos muitas vezes se dão de maneira intangível (Pile 2005, Gordon 2008). Com isto em mente, pergunto: em que imagens ou discursos dos nossos dias a gravura de Rugendas poderá persistir? Que rastros, mais ou menos tangíveis, os navios negreiros do século XIX terão deixado no presente?
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