O liber sepulturarum da igreja colegiada de São Paulo de Lyon: topografia e sociologia
DOI:
https://doi.org/10.4000/134b4Palavras-chave:
Lyon, igreja paroquial, igreja colegiada, cemitério, lápides, sociologiaResumo
O liber sepulturarum da igreja colegiada de Saint-Paul em Lyon é um documento único que foi editado, mas nunca foi efetivamente utilizado num estudo mais aprofundado. A partir de finais do século XIV – inícios do século XV, mês após mês, semana após semana, aí são listados os aniversários e a localização das sepulturas dos defuntos que fundaram um ou mais aniversários. Neste livro, que contém os registos de mais de mil e duzentas pessoas, leigos e clérigos, a localização dos túmulos – no cemitério, no claustro ou em outros locais em redor da colegiada – foi meticulosamente conservada. O documento permite, desta forma, uma abordagem topográfica dos locais de inumação (claustro, cemitério, a igreja paroquial de S. Lourenço, capelas, o espaço entre as duas igrejas, a cabeceira da igreja colegiada, etc.), bem como uma abordagem socioprofissional, carreando informações sobre a ocupação, origem, género, casamento e relações familiares dos indivíduos aí sepultados. Outas questões são ainda passíveis de ser levantadas, como a reutilização de sepulturas ou as diferenças de tratamento entre homens e mulheres (estas não ultrapassando metade do número dos homens aí sepultados). As descrições aí facultadas também permitem uma perceção mais clara das características das sepulturas (inscrições, representações, etc). Alguns dos túmulos descritos, que retrocedem até ao século XIII, ainda existem, mesmo servindo como marcos de propriedade.
Através de uma base de dados, criada a partir da edição deste documento, foi possível efetuar consultas e verificar as estratégias de comemoração dos paroquianos, bem como, localizar com precisão os vários locais de sepultura, com o recurso a SIG e a antigas representações, e compreender como paroquianos, cónegos, pessoas ligadas à comunidade (criados, sineiros, etc.) ou externas à mesma se integravam nesta cidade dos mortos.
O cruzamento do liber sepulturarum com outras fontes, quer arqueológicas quer arquivísticas, permitiu compreender melhor a organização da vida paroquial e o lugar dos leigos numa paróquia dirigida por cónegos.
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