Encontros Fotográficos entre as Mães (In) visíveis em Camera Lucida de Roland Barthes, Austerlitz de W. G. Sebald e Non ora, non qui de Erri de Luca

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34619/jrh1-r457

Palavras-chave:

fotografia, mãe-filho, ausência, memória, temporalidade

Resumo

Este artigo lida com textos literários de Roland Barthes, W. G. Sebald e Erri De Luca, conectados entre si graças ao uso da fotografia em relação a imagem da mãe. As formas com que cada autor negocia o encontro fotográfico entre mãe e filho são diversas: enquanto em Barthes a fotografia da sua mãe é substituída por uma de outra mulher, a mãe de Nadar, em Sebald, a fotografia está fisicamente impressa na página intercalada com o corpo do texto literário; finalmente, em De Luca, a fotografia só é representada verbalmente.
Por um lado, a fotografia parece ser o meio correto para completar o processo de recordação; por outro lado, o seu uso problematiza algumas características do medium. Indexicalidade, materialidade e a relação na qual o ato de ver se constrói entre o eu e o outro, nestes encontros, cujos “a imagem se torna um sujeito e o sujeito se torna uma imagem” (Cadava, 9), são de facto colocados sob escrutínio. A distância entre os narradores e suas mães não é unicamente temporal (eles são sempre mais velhos que elas, normalmente apresentadas como jovens raparigas, destarte desprovidas da sua maternidade e mortas no momento da recordação dos narradores), mas também espacial. A Fotografia e o seu uso em narrativas verbais criam, portanto, uma separação — tanto ideológica como material — entre o espaço do visualizador e o que é visualizado.
Em suma, a comparação entre esses textos promove uma reconsideração da ontologia do meio fotográfico, em particular da sua dicotomia de presença/ausência, uma vez que “a fotografia é sempre invisível” (Barthes, 18) e a uma recontextualização das unidades de espaço/tempo, entre outras questões.

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Publicado

2020-12-04

Como Citar

Bocchi, G. (2020). Encontros Fotográficos entre as Mães (In) visíveis em Camera Lucida de Roland Barthes, Austerlitz de W. G. Sebald e Non ora, non qui de Erri de Luca. Revista De Comunicação E Linguagens, (53), 150–167. https://doi.org/10.34619/jrh1-r457