A Imagem-Morte:

Quinto Comentário sobre Bergson

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34619/jjaq-ovvl

Palavras-chave:

semiótica, metafísica, filme-filosofia, não-filosofia, tempo

Resumo

Seguindo o gesto de Deleuze, no seu projeto Cinema, em que introduz a sua «filme-filosofia» a partir de comentários sobre a filosofia de Bergson (para pensar as imagens movimento e tempo), proponho um novo comentário sobre Bergson, desta vez tendo em vista uma nova categoria, não abordada explicitamente por Deleuze, a «imagem-morte». Esta é a minha maneira de responder ao inspirador artigo de Susana Viegas sobre «A morte como musa da filme-filosofia», e que motiva a chamada de artigos, onde se apresenta o objetivo de revisitar, no sentido de expandir criativamente, também por razões históricas, o projeto Cinema de Deleuze. Acrescentado aos quatro comentários que Deleuze inclui, este quinto volta-se para as observações de Bergson sobre a «visão panorâmica dos mortos», a situação onde, regressado à vida, após morrer ou passar por uma experiência de morte, o moribundo afirma ter visto, num curto espaço de tempo, todos os acontecimentos esquecidos da sua vida a passar diante dele com grande rapidez, com as suas mais pequenas circunstâncias, e na mesma ordem em que ocorreram. Demonstrando que este «panorama em movimento» das nossas vidas está virtualmente presente sempre que o passado é recordado, seja em recordações ou mesmo em sonhos, relaciono esta «visão» não só à metafísica do tempo de Bergson (o que ele próprio não faz), mas também ao que Deleuze define em A imagem-tempo como «lençóis do passado», sendo nos termos deste panorama que concebo a convergência entre a morte e estes lençóis, entre a imagem-morte e a imagem-tempo. Digo que a visão panorâmica abre uma lacuna entre o «passado puro», ou como o passado se preserva no tempo, independentemente de nós, e de como ele é lembrado, ou mesmo sonhado, os mortos não apenas sobrevivendo nesta visão, mas podendo também ter a sua existência prolongada, mesmo que apenas virtualmente, num passado que já não é o deles, mas nosso (e que o cinema, como prática de imagens e signos, está especialmente talhado para atualizar, desta vez, como imagens-morte). Este quinto comentário sobre a filosofia de Bergson é precedido por considerações mais gerais sobre o estatuto ontológico da imagem-morte, pelo menos quando enquadrado na filosofia de Deleuze.




Biografia Autor

Filipe Ferreira, Independent Researcher, Portugal

Filipe Ferreira is an essayist, teacher, translator, philosopher. He has returned to Lisbon after a decade or so (2015-2024) working as a Researcher in the Department of Philosophy of the Pontifical Catholic University of São Paulo (PUC-SP), where he also collaborated with the Nucleus of Studies on Subjectivity (integrated in the Department of Clinical Psychology). He received his PhD in Philosophy from NOVA University of Lisbon (2014), MA in Philosophy from New School for Social Research (2008), and MSc in Social and Political Theory from the University of Edinburgh (2002). His work is largely dedicated to Gilles Deleuze’s philosophy.



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Publicado

2025-12-23

Como Citar

Ferreira, F. (2025). A Imagem-Morte: : Quinto Comentário sobre Bergson. Revista De Comunicação E Linguagens, (63). https://doi.org/10.34619/jjaq-ovvl