Filósofos Mortos, Monstruosos, Alienados e Ainda em Trabalho:
Karl Marx (com ‘características chinesas’ e ‘vestígios de chthulumedia’) encontra Confúcio… dentro de um cristal teórico crepuscular
Palavras-chave:
When Marx Met Confucius, Chthulumedia, Hunan TV, Confúcio, Karl Marx, Xi Jinping, Walter Benjamin, Gilles Deleuze, Filósofos Mortos, Filosofia do Cinema ChinêsResumo
Este ensaio explora o filme teórico-televisivo chinês When Marx Met Confucius (Quando Marx conheceu Confúcio), que emergiu em 2023 carregado de complexas tensões políticas, éticas e filosóficas. Ao envolver-se com várias dessas tensões, este texto argumenta que a representação em live-action de Kong fuzi (Mestre Confúcio), ao lado de um deepfake de Karl Marx e de uma constelação caótica de outros ícones político-filosóficos chineses, parece concebida para deslocar uma poderosa representação política do tempo profundo chinês — uma imagem(representação) cujas teorias cristalinas de Walter Benjamin e Gilles Deleuze podem ajudar a desconstruir e a mapear politicamente.
As figuras estéticas reanimadas de filósofos mortos que ali “atuam” intelectualmente são igualmente discutidas como sendo duplamente, ou até triplamente, “monstruosas:” em primeiro lugar, no sentido marxista de como os trabalhadores alienados se tornam monstros desmembrados e "des-orgão-nizados" sob sistemas capitalistas; em segundo, segundo a noção deleuziana de que a história da filosofia produz “monstros” mutantes feitos para dizer o que os seus criadores lhes impõem. Neste caso, Marx e Confúcio funcionam como monstruosas personae filosóficas — intercessores de um autor ausente-presente, articulado através do significante-mestre do que se designa por “Pensamento de Xi Jinping sobre a Cultura.”
Contudo, estas imagens propagandísticas de filósofos mortos ainda em labor também traem uma mutação nos desejos semi-capitalistas de um “monstrar” tecnológico. Pois os novos atores não-humanos de software apontam para as estranhas agências de formas enganosas e controladoras de “ctulomédia”, que contribuem para reificar uma versão sintética e sincrética do “marxismo com características chinesas.”
Tal exposição revela, por sua vez, outra faceta daquilo que poderíamos designar, segundo Benjamin, como um “pequeno cristal do acontecimento total”, ou, segundo Deleuze, como uma síntese cristalina disjuntiva. Deste modo, o ensaio identifica uma nova torção no “retorno lazareano” de filósofos há muito mortos, convocados para o trabalho político no presente corrigido.
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