Juventude Irresoluta:
Entre o Devaneio e o Ecrã
DOI:
https://doi.org/10.34619/agi3-bahmParole chiave:
juventude dilatada, colagens oníricas, tempo dobrado, cinematografia afetiva, azul como afeto cristalizadoAbstract
Esta série de colagens digitais constrói uma topologia do tempo suspenso, onde o presente hesita, o passado insiste e a juventude se dobra sobre os seus próprios fantasmas. Inspirada no conceito de imagem-cristal de Gilles Deleuze, a artista explora fragmentos visuais em que gesto e memória se confundem, e o visível já transporta o que ainda não aconteceu. As figuras, humanas, sacras, ficcionais ou inacabadas, surgem como vestígios de desejo, ruínas de identidade ou ensaios de uma presença que não chegou a cumprir-se, enquanto a colagem se afirma como gesto arqueológico, método onírico e montagem do inconsciente. A obra estabelece um diálogo tácito com The Dreamers (2003), de Bernardo Bertolucci, evocando a juventude enquanto clausura performativa, situada entre revolução e rendição, entre intimidade e encenação; a casa transforma-se em palco e o afeto em artifício. Referências visuais portuguesas — azulejos, iconografias domésticas, interiores religiosos — entrelaçam-se com elementos da moda e da cultura pop, delineando um léxico imagético híbrido, marcado por fendas e reverberações mais do que por continuidade narrativa. Estas colagens não retratam a juventude: interrogam-na enquanto campo de variação, onde o que pulsa não é a força de um momento exaltado, mas o ritmo tênue dos gestos, das suspensões e das possibilidades ainda em latência.
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