Laryssa Machada e o Membro Fantasma: Sintoma de uma amputação ancestral

Autori

DOI:

https://doi.org/10.34619/jw3w-xhuj

Parole chiave:

fotografia , decolonialidade, espectro, arquivo, pró-memória

Abstract

Numa espécie de nostalgia de los ancestros, como diz Silvia Rivera Cusicanqui, este ensaio especula, por meio de combinações imagéticas dos trabalhos Paula (2012), Senti uma leve brisa, depois veio o vendaval (2019), Cosma e Damiana (2019), Em decorrência do desmatamento e de inúmeras queimadas, caipora é vista na praia (2021), Before You Love Me, She Was Already Loving Me (2022), Grande Boca de Canal (2023), de Laryssa Machada, sobre uma circunscrição das ausências nas representações pré-invasão dos territórios ameríndios do Sul Global. Essas ausências atravessam narrativas "lesboafetivas de corpos indígenas e afrodiaspóricos, como processo de modificação do território pindorâmico", conforme afirma Laryssa. Estabelece-se um paralelo com o Membro Fantasma, sintoma experimentado por pessoas que tiveram algum membro amputado, mas que continuam a senti-lo, como se ele tivesse apenas se transmutado para um estado não visível. Esta exploração busca compreender em que medida as fabulações e fabricações imagéticas nas lacunas do arquivo permitem acessar o mapeamento sensível dessas amputações do registro ancestral, através de um ritual tecnoxamânico que gera um espaço onde a representação, numa simultaneidade de movimento, ocupa e revela a ausência, incorporando-a.

Biografia autore

Larissa Lewandoski, independente

Larissa Lewandoski (1992) é uma realizadora brasileira residente em Portugal licenciada em Cinema pela UNISINOS (Brasil), onde realizou o Documentário Se essa lua fosse minha, vencedor do prémio de melhor filme no Festival de Gramado, Festival Internacional de São Paulo e oficialmente selecionado para o Film Festival Rotterdam. Em Portugal, concluiu o mestrado em Design da Imagem pela Faculdade de Belas Artes do Porto, cujo projeto de conclusão cruzou o documentário com o resgate de imagens de arquivo, linha de prática que fundou, posteriormente, a direção de trabalho que prosseguiu durante seis meses em colaboração com o escritor Gonçalo M. Tavares. Tendo um background diverso, que compreende a dança contemporânea, as artes visuais e o cinema, interessa-lhe, sobretudo, dilatar os limites da linguagem fílmica. As suas produções transitam entre filmes ficcionais, documentários, filmes ensaísticos e instalações artísticas, envolvendo arquivos audio-visuais e vídeo-performances.

Pubblicato

2025-07-11

Come citare

Lewandoski, L. (2025). Laryssa Machada e o Membro Fantasma: Sintoma de uma amputação ancestral. Revista De Comunicação E Linguagens, (62), 121–139. https://doi.org/10.34619/jw3w-xhuj