Tempo, natureza e memórias intergeracionais em A Metamorfose dos Pássaros
DOI:
https://doi.org/10.34619/brhx-vgb7Palabras clave:
antropocentrismo, mem´´orias familiares, papéis de género, luto, Estado NovoResumen
As obras artísticas que reconstroem as memórias familiares durante o período ditatorial português (1933-1974) têm permitido uma abordagem mais abrangente e profunda da história coletiva para lá da narrativa oficial. As recordações e experiências familiares mapeiam a diversidade doméstica da época e colocam em questão um dos pilares ideológicos fundamentais do governo ditatorial salazarista: a família patriarcal como símbolo de ordem e união tanto na metrópole como nos territórios colonizados. No documentário experimental A Metamorfose dos Pássaros (2020), a realizadora portuguesa Catarina Vasconcelos articula a poesia visual e narrativa de modo a tecer um testemunho baseado em vivências familiares desde o período colonial português do Estado Novo até à atualidade, explorando múltiplas dimensões temporais: tempos lineares constituídos por eventos históricos, políticos e saltos geracionais; tempos cíclicos e naturais de crescimento e cuidados; tempos fragmentados pela ausência e a morte. Dando especial ênfase à figura da avó Beatriz, Catarina Vasconcelos desenha uma rede simbiótica de relacionamento entre elementos humanos e não-humanos que tem por base a essencialidade da produção e reprodução da vida. Partindo da análise desta obra, este artigo pretende contribuir para o diálogo sobre as diversas perspetivas sobre a temporalidade e o valor do trabalho de cuidados através do foco nos elementos visuais e narrativos que compõem este documentário e que recuperam os ecos duma memória que reverbera de geração em geração.
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