Cidade-tempo:
imagem, duração e as poéticas do viver urbano no cinema contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.34619/uyfb-k0lmPalabras clave:
imagem-tempo, duração, imaginário urbano, experiência urbana, cinema contemporâneoResumen
O texto explora como o cinema contemporâneo realista (pós-anos 1990) transforma a cidade em matéria sensível, articulando-a com o conceito deleuziano de imagem-tempo. Expõe-se uma mudança histórica de um cinema clássico da imagem-movimento, que espelhava a cidade moderna funcionalista, para um cinema outro que privilegia a duração bergsoniana, hesitação e subjetividade. Argumenta-se que tal movimento é reconfigurado por uma vertente expressiva do cinema realista contemporâneo que abandona narrativas resolutivas para focar em corpos em deslocamento, gestos mínimos, esperas e silêncios. Essa estética revela a cidade não como projeto organizado, mas como espaço poroso e fragmentado, palco de tensões entre aceleração capitalista e experiências sensíveis marginais. Recuperando autores como David Harvey, Hartmut Rosa e Jonathan Crary, debate-se como a atualidade sustenta uma aceleração e fragmentação do espaço que leva o cinema contemporâneo realista a capturar o ordinário como ato político. Nesse sentido, busca-se expor como a imagem-tempo surge como dispositivo crítico renovado. Ao se apoiar em estéticas realista historicamente anteriores, o cinema de agora suspende a ação e expõe falências sistêmicas do pensamento urbano. Devolvendo, com isso, a densidade perceptiva de um presente esvaziado. Ela opera numa geografia transnacional e descentralizada, conectando realidades locais diversas de um mundo globalizado, através da atenção ao corpo que habita ruínas, interstícios e fluxos dissonantes. Assim, argumenta-se que o cinema contemporâneo não apenas representa a cidade, mas a habita como campo de pensamento, insistindo na presença humana frente à lógica de apagamento do espaço mercantilizado.
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