A Carta de 25 de Fevereiro de 1327 e a Norma dita de 18 de Fevereiro de 1332. Questões de interpretação normativa e de datação
DOI :
https://doi.org/10.4000/medievalista.5668Mots-clés :
Portugal, Direito Medieval, D. Afonso IV, IUssio, Produção documentalRésumé
Uma carta que, por mandado régio, Gonçalo Domingues escreveu a 25 de Fevereiro de 1327, em Estremoz, tem sido considerada, pela historiografia nacional, como sendo um ordenamento que institui a proibição da existência, nos tribunais da corte, de advogados e procuradores do número.
A análise interna da citada carta, bem como o seu cotejo com outras cartas de inequívoca produção normativa, e com o ordenamento habitualmente datado do dia 18 de Fevereiro de 1332, de Estremoz, permite, no entanto, inferir que a referida carta de 1327 tem como função primordial acompanhar, e apresentar, na sua difusão pelas terras do Reino, o ordenamento dito de 18 de Fevereiro de 1332, o qual tem, portanto, como data de produção o ano de 1327. Deste modo, a sequência cronológica da produção documental relativa à Ordenação sobre o Livramento dos feitos na Corte e proibição de advogados e procuradores residentes na Corte é a seguinte: no dia 18 de Fevereiro de 1327, em Estremoz, foi produzida a Ordenação sobre o Livramento dos feitos na Corte que, posteriormente, no dia 25 de Fevereiro desse ano, seria enviada a todos os lugares do reino, conjuntamente com carta que, nessa data, Gonçalo Domingues escreveu, na mesma vila de Estremoz, por mandado de Afonso IV, e que, em Arraiolos, de acordo com o estipulado na citada carta, foi publicada a 6 de Março de 1327, tal como consta nos Foros de Beja.
Referências Bibliográficas
Fontes Manuscritas
Lisboa, Torre do Tombo, Mosteiro de Alcobaça, 2.ª incorporação, maço 27, doc. 677. Lisboa, Torre do Tombo, Mosteiro de Alcobaça, 2.ª incorporação, maço 34, doc. 827. Lisboa, Torre do Tombo, Mosteiro de Alcobaça, 2.ª incorporação, Mç. 61, doc. 5.
Lisboa, Torre do Tombo, Foros de Beja, Feitos da Coroa, Núcleo Antigo 458, fls. 21- 29v
Lisboa, Torre do Tombo, Leis e Ordenações, Leis, Mç. 1, doc. 96.
Lisboa, Torre do Tombo, Leis e Ordenações, Núcleo Antigo 1, fls. 73-79. Lisboa, Torre do Tombo, Leis e Ordenações, Núcleo Antigo 1, fls. 93v-102v. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Cód. 9164, fls. 174v-177v.
Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Cód. 9164, fls. 177v-178v. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Cód. 9164, fls. 201-211v. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Cód. 9164, fl. 224v.
Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Cód. 9164, fls. 343-34v.
Fontes impressas
Chancelarias Portuguesas: D. Afonso IV. Vol. I. Dir. António H. de Oliveira Marques. Lisboa: INIC, 1990.
Chancelarias Portuguesas: D. Afonso IV. Vol. II. Dir. António H. de Oliveira Marques. Lisboa: INIC, 1992.
Chancelarias Portuguesas: D. Afonso IV. Vol. III. Dir. António H. de Oliveira Marques. Lisboa: INIC, 1992.
Cortes Portuguesas – Reinado de D. Afonso IV (1325-1357). Ed. António H. de Oliveira Marques; Maria Teresa Campos Rodrigues; Nuno José Pizarro Pinto Dias. Lisboa: INIC,1982 .
Livro de Leis e Posturas. Ed. Nuno Espinosa Gomes da Silva. Lisboa: F.D.U.L., 1971.
Ordenações de D. Duarte. Ed. Martim de Albuquerque; Eduardo Borges Nunes. Lisboa: F.C.G, 1988.
Ordenações Afonsinas. Liv. III. Lisboa: F.C.G, 1988.
Estudos
BARROS, Henrique da Gama – Historia da Administração Publica em Portugal nos Séculos XII a XV. 2ª ed.. Tomo III. Lisboa: Sá da Costa, 1946.
CAETANO, Marcelo – História do Direito Português (Sécs XII-XVI). Lisboa: Verbo, 2000.
DOMINGUES, José – As Ordenações Afonsinas. Sintra: Zéfiro, 2008.
GOMES, Saúl António – “Inquirições, confirmações e registos da chancelaria régia portuguesa: notas para o seu estudo”. Revista de História da Sociedade e da Cultura 12 (2012), pp. 147-163.
GOMES, Saúl – “Poderes em Conflito: a Demanda pelas Jurisdições Senhoriais entre o Rei D. Afonso IV e o Mosteiro de Alcobaça”. In MADURO, António Valério; RASQUILHO, Rui (coord.) – Um Mosteiro entre os Rios. O Território Alcobacense. Leiria: Hora de Ler, 2021, pp. 421-480.
GUYOTJEANNIN, Olivier – “Marina Kleine, La cancillería real de Alfonso X: actores y prácticas en la producción documental”. Mélanges de la Casa de Velázquez [Em linha] 46-2 (2016). [Consultado a 14 Dezembro 2021]. Disponível em http://journals.openedition.org/mcv/7272. DOI: https://doi.org/10.4000/mcv.722.
KLEINE, Marina – “Da iussio à redactio: observações sobre as funções desempenhadas pelo pessoal da chancelaria real de Afonso X de Castela (1252- 1284)”. In TEIXEIRA, Igor Salomão; ALMEIDA, Cybele Crossetti de (org.) – Reflexões sobre o Medievo III: práticas e saberes no ocidente medieval II. São Leopoldo: Oikos, 2013, pp.1 53-174.
HOMEM, Armando Luís – O Desembargo Régio (1320-1433). Porto: INIC, 1990.
HOMEM, Armando Luís – “Dionisus et Alfonsus, Dei Gratia Reges et Communis Utilitatis Gratia Legiferi”. Revista da Faculdade de Letras - História XI (1994), pp. 11- 110.
JUSTEN, Paula de Sousa Valle – “A palavra escrita do rei: Chancelaria e poder régio através de uma Carta Plomada”. Revista Cantareira 26 (2019), pp. 43-51.
PINTO, Pedro; MARTINS, Diana – “Transcrições e Resumos Seiscentistas de Fragmentos Originais da Chancelaria de D. Afonso V, Entretanto Desaparecidos”. Fragmenta Historica 6 (2018), pp. 59-71.
RIBEIRO, João Pedro – Additamentos e Retoques á Synopse Chronologica. Lisboa: Academia Real da Sciencias de Lisboa, 1829.
VENTURA, Leontina – Os ‘clerici regis’: do serviço de Deus ao serviço do Rei (c. 1250-1350). Lisboa: Academia Portuguesa de História (no prelo).
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Medievalista 2024
Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .