Fidalgos e freires-cavaleiros. Vidas sem fronteiras na Hispânia medieval
DOI:
https://doi.org/10.4000/medievalista.5087Palavras-chave:
Nobreza, Ordens Militares, Idade Média, Fronteira, HispaniaResumo
Este artigo insere-se no projeto de investigação Transferencias humanas, culturales e ideológicas entre los reinos ibéricos (siglos XIII-XV), financiado pelo Ministerio de Economía, Industria y Competitividad (HAR2017-89398-P), e coordenado pela Doutora Isabel Beceiro Pita (Instituto de Historia-CSIC).
Partindo da importância da fronteira luso-castelhana no quadro da Hispânia medieval e da sua complexidade enquanto construção política, o objetivo desta reflexão é fazer a avaliação do seu impacto ao nível dos grupos senhoriais, laicos ou eclesiásticos. O modo como estes grupos senhoriais interpretavam a fronteira é uma questão central para este estudo. A fidalguia e os freires das Ordens Religioso-Militares, designados de um modo simplista como freires-cavaleiros, decalcavam tendências semelhantes por razões compreensíveis. Os fidalgos e os freires-cavaleiros integraram as elites medievais que dinamizaram os intercâmbios peninsulares, desenvolvendo inúmeras trajetórias sem fronteiras na Hispânia medieval. A aristocracia e os membros das Ordens Militares, em particular os das internacionais, tinham uma concepção muito fluida da fronteira, à qual se sobrepunham os interesses familiares e institucionais. Os fidalgos encontraram na transposição fronteiriça um mecanismo natural para contornar problemas de natureza política, decorrentes dos conflitos com os monarcas, ou para materializar estratégias de poder de linhagens com patrimónios constituídos muito antes da criação do reino de Portugal. Por sua vez, os freires das Ordens Militares eram, por vezes, membros de famílias imbuídas de comportamentos a-fronteiriços, os quais eram reforçados quando professavam em instituições multinacionais, não sobreponíveis com as delimitações fronteiriças de natureza político-diplomática.
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