Precederam a publicação de Orpheu vários projetos pessoanos de lançamento de revistas literárias. Menos conhecido é, no entanto, o plano de lançamento, com contornos internacionais, da obra de Alberto Caeiro, dada a conhecer parcialmente ao público apenas dez anos mais tarde, na revista Athena.
Através da análise destes planos, assim como dos propósitos de exposição pública a eles associados, este artigo mostra como o lançamento de Orpheu veio, por um lado, concretizar o propósito pessoano de fixação de uma nova corrente literária, ocultando, por outro, fundamentos dessa mesma corrente. Renunciando quer a textos programáticos, que planeava publicar no contexto de outras revistas, quer à apresentação da obra do mestre Caeiro, Pessoa segue em Orpheu um preceito de exposição pública parcial e alusiva, que permanecerá determinante em publicações posteriores. Este preceito é explicitado pelo poeta no contexto de considerações em torno da visibilidade pública, em particular no seu último poema publicado, Conselho, não por acaso em número dedicado a Orpheu.