Este artigo, influenciado inicialmente pela leitura de Carrie Rohman, Stalking the Subject: Modernism and the Animal (2009), mostra como a interpretação detalhada de alguns trechos do Livro do desassossego, escrito entre 1913 e 1934 por Fernando Pessoa, produz uma crítica do antropocentrismo ocidental e do humanismo em sentido lato, servida por uma precisa e recorrente redução ao absurdo (reductio ad absurdum é a expressão erudita que Pessoa usa) duma versão muito específica da humanidade ambiental pós-darwniana, identificada principalmente com animais e plantas.