Composto numa fase já tardia da obra pessoana, no mesmo ano em que surge Bernardo Soares e em que foi escrita a “Tábua Bibliográfica” (1928), o texto não terminado de A Educação do Estoico, combinando os tópicos do falhanço autoral extremo e do suicídio, funciona como apropriação já exausta da retórica doutras partes da escrita pessoana. Nela emerge o fundo romântico e idealista de uma concepção de autoria entendida como posse plena de uma “obra” ou livro, a que não é alheia a própria invenção da heteronímia. Teive é a versão kitsch dessa invenção, muito mais do que qualquer reencarnação convincente de um Séneca moderno. O estudo sugere, para melhor compreensão, uma comparação com o caso de Lord Chandos, a personagem do desistente literário criada em 1902 por Hugo von Hoffmansthal.