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Caderno "Pessoa em Vida"

N.º 7 (2020): Caderno Pessoa em Vida

O marinheiro e o regime do infradramático

DOI
https://doi.org/10.1888.7003
Enviado
julho 25, 2024
Publicado
2020-11-30

Resumo

O artigo propõe-se ler O marinheiro, de Fernando Pessoa, sob um viés alternativo à aproximação com a obra dramática e teórica de Maurice Maeterlinck. Embora este “drama estático em quadro” efetivamente remonte ao dramaturgo belga, o texto publicado em Orpheu 1 apresenta características que ultrapassam as convenções da estética simbolista. Isso porque o estatismo também se faz presente em dramas modernos e contemporâneos, não se limitando ao período finissecular. Deste modo, procuramos sustentar que a peça de Pessoa pode ser associada ao “regime infradramático”, categoria proposta por Jean-Pierre Sarrazac, na qual a ação dramática tem seu estatuto modificado, revelando-se menos ativa do que passiva, o que favorece o desenvolvimento desta antes no âmbito psíquico do que no exterior. Ainda assim, uma sucinta análise daquele “drama estático” terá o objetivo de nele identificar um traço que Martin Esslin considera ser característico de uma obra dramática convencional: a criação de suspense.