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Caderno "Pessoa em Vida"

N.º 7 (2020): Caderno Pessoa em Vida

O Equívoco Epistolar

DOI
https://doi.org/10.1888.7004
Enviado
julho 25, 2024
Publicado
2020-11-30

Resumo

Sendo o acto de escrever eminentemente dramático, impondo um desdobramento ou clivagem do sujeito, que constitui o grau zero de toda a ficção, o discurso epistolar, enquanto escrita do eu, tende a criar um intervalo para o «fingimento». Daí a sua contiguidade com o literário, que se opera também na passagem do privado para o público ou na intrusão de um leitor alheio aos dois correspondentes. Daí que a carta – forma ambígua, híbrida e multifuncional – seja propensa a leituras diversas e a gerar equívocos, criando a ilusão de ser lugar da sinceridade máxima e documento histórico do qual se pode fazer um uso (auto)biográfico inquestionável. O artigo pretende mostrar como a correspondência de Fernando Pessoa, pelas suas características intrínsecas, é percorrida por uma permanente tensão entre a «verdade» e a «não-verdade» e, nesse sentido, não deve ser lida desprevenidamente, sem uma imprescindível contextualização e uma adequada pesquisa.