A partir de um juízo difundido por Alfredo Margarido em ensaio publicado no importante n.º 88 da Colóquio/Letras dedicado a Pessoa em 1985, por ocasião do cinquentenário da sua morte – e no rescaldo do aparecimento em dois volumes do Livro do Desassossego editado por Jacinto do Prado Coelho, com Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha (1982), bem como do subsequente 2.º Congresso Internacional de Estudos Pessoanos (Nashville, 1983) –, procurar-se-á reconstituir e rever um conjunto de argumentos críticos que, na recepção portuguesa e na brasileira, de imediato se concertaram em torno desse evento editorial no sentido de menorizar o Livro e o seu Autor, apresentando-os como subprodutos da criação pessoana.