O artigo examina diferentes abordagens, pela crítica, das categorias “poeta dramático” e “dramaturgo”, originalmente propostas por Fernando Pessoa como chaves de leitura para sua obra. Num primeiro momento, discutem-se as posições adotadas por dois críticos teatrais; a seguir, são debatidos os juízos de estudiosos como Adolfo Casais Monteiro e Jorge de Sena. Neste percurso, verifica-se a recorrência de um mesmo argumento para fundamentar a rejeição àquelas autodesignações: o fato de o autor haver publicado apenas um texto de natureza estritamente dramatúrgica e que ainda escapa a convenções do gênero. Buscamos, porém, modalizar as habituais restrições ao Pessoa dramaturgo, prestando atenção às feições polivalentes do conceito pessoano de drama.