A obra de Fernando Pessoa, atribuída a diversos heterónimos e deixada maioritariamente inédita à hora da sua morte, levanta frequentes questões de autoria. O termo “autor” é raramente utilizado de forma explícita por Pessoa, que prefere referir-se ao herói ou ao génio. Defenderei, neste artigo, que Pessoa concebe o Livro do Desassossego como teoria e prova daquilo que poderia ter definido como autor exemplar. Considerarei, com esse intuito, os aspectos que me parecem justificar a singularidade deste livro.