Oscilando entre manifestações de apreço e contundentes ferroadas, há, nos textos de António Botto tematicamente inspirados na vida e obra de Fernando Pessoa, referências várias ao projeto heteronímico, possibilitando a sua sistematização e análise o enriquecimento e reforço do debate em torno de uma figura axial do modernismo português. Dando continuidade ao esforço de Anna Klobucka de iluminação e reequacionamento do diálogo Botto-Pessoa a partir de palavras e papéis do espólio do primeiro, este artigo propõe-se elucubrar sobre posicionamentos histórico-literários bottianos acerca do quarteto Caeiro-Campos-Reis-Soares, assim como divisar afinidades e divergências entre linhas de leitura de Botto sobre a heteronímia e propostas hermenêuticas de Adolfo Casais Monteiro, João Gaspar Simões e José Régio, nomes cimeiros da fortuna crítica pessoana coeva.